Segunda-feira, Novembro 03, 2008
Se ainda não entendeu o que ocorreu no mercado imobiliário americano nos últimos anos e está confuso sobre o estouro da bolha das ações de tecnologia no final dos anos 90, você precisa ler ‘John Maynard Keynes’, de Hyman Minsky (1975)”, anuncia a capa desta nova edição (2008) de uma interessante reinterpretação da “Teoria geral do emprego, dos juros e da moeda” (1936), de Keynes.
“Crises financeiras periódicas são uma parte inevitável da história de crescimento do capitalismo. A destruição criadora de Schumpeter se aplica ao mundo das finanças. Durante os bons tempos, a maior parte dos empreendimentos é bem-sucedida. Isso encoraja o endividamento excessivo e a redução das margens de segurança. Longos períodos de crescimento engendram crescente fragilidade financeira.
As inovações tornam-se mais complexas, criando-se sucessivas camadas de dívidas. Há sempre uma ameaça de falências em bola-de-neve nessa longa cadeia de compromissos financeiros. Torna-se inevitável o resgate do sistema bancário pelos bancos centrais.
Passos previsíveis dados por empreendedores, banqueiros, financistas e investidores disparam essa instável dinâmica. E a cada vez que as intervenções dos bancos centrais são bem-sucedidas, as arriscadas práticas financeiras são validadas — e inovações ainda mais ousadas são encorajadas. A fragilidade financeira torna-se uma tendência estrutural, desembocando em crises cada vez mais severas.” Esse é o alerta de Minsky.
Em “Estabilizando uma economia instável” (1986), Minsky aprofunda sua provocativa hipótese da instabilidade financeira do capitalismo. “O período bemsucedido de crescimento da economia leva à aceitação de práticas cada vez mais agressivas. A flexibilidade dos mecanismos de crédito é necessária à dinâmica capitalista, mas pode se tornar uma força altamente destrutiva. As instituições financeiras inovam e inventam em resposta às necessidades dos empreendimentos.
E as autoridades são sempre ‘surpreendidas’ pelas novas práticas dos mercados. O ritmo das inovações financeiras e o grau de aceitação de riscos aumentam à medida que as autoridades evitam as crises menores. A estabilidade desestabiliza. As inovações ampliam a liquidez, de modo a tornar o sistema mais vulnerável. A intervenção dos bancos centrais valida as inovações, estimulando a persistência das novas e arriscadas práticas. As crises financeiras tornam-se mais freqüentes e mais severas.” Adverte Minsky: “Todas as vezes que o banco central intervém, está protegendo instituições e práticas de financiamento imprudentes. Nada garante que isso não ocorrerá de novo sem uma regulamentação adequada.” Mas reconhece: “O capitalismo sem as práticas financeiras que levam à instabilidade pode ser menos inovador e expansionista. Diminuir a possibilidade de um desastre financeiro pode muito bem inibir as fagulhas de criatividade do sistema capitalista.”
sexta-feira, 7 de novembro de 2008
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
O pior, depois de Bush - VINICIUS TORRES FREIRE
Pior da crise nos EUA está por vir; próximo presidente pode perder metade do mandato envolto em tensão social
O QUE PODE ser pior que o final do governo de George Bush?
Colapso financeiro, desemprego crescente, renda cadente, desigualdade social rampante, mentiras políticas, violação de direitos civis, desprestígio internacional, guerras irresolutas, enorme aumento da dívida pública, escárnio público da figura presidencial e o mais baixo e mais duradouro nível de impopularidade do presidente desde que tais pesquisas começaram a ser feitas, faz mais ou menos 70 anos. A lista de reveses poderia ocupar a coluna.
Governantes e administradores que herdam a terra arrasada talvez gostem de se encorajar com a idéia de que "do chão, não se passa", embora outro clichê reze que, abaixo da terra, há o inferno. A inépcia de George Bush parece de fato quase incomparável, mas também é extraordinário o nível a que baixaram as expectativas em relação a seu governo. O próximo presidente, porém, vai assumir o governo com uma conta alta de promessas e enormes restos a pagar em termos de problemas econômicos e sociais.
O confuso e bananeiro sistema de votação americano impede especulações sobre o partido vitorioso, nem a dimensão de seu sucesso. Mas se pode especular razoavelmente que, no caso da eleição de Barack Obama, tanto as esperanças como as cobranças de seus opositores serão bem maiores do que no caso de vitória de John McCain.
Nem se trata aqui das promessas de "refundação" do pacto americano, que transpareceu tantas vezes nos discursos de Obama, os quais, na oratória, na entonação e nos temas soavam algo proféticos. Também não se trata dos planos de reforma da saúde, nem do aumento de oportunidades educacionais, nem dos projetos de reformar a produção e o consumo de energia nos EUA.
O grosso da deterioração da economia dita "real" ainda está para vir, em 2009. O desemprego começa a crescer bem depois do início de recessões, e costuma durar um pouco além. Mas, desta vez, não se trata apenas de uma contração cíclica "comum". Os americanos perdem casas, poupanças de uma vida. Parece se encerrar o ciclo de duas décadas de endividamento pessoal e nacional. Muitos americanos perderão empregos; outros terão de liquidar dívidas e recompor a duras penas o patrimônio, a poupança da aposentadoria e a da educação dos filhos.
A economia americana é extraordinária e até excessivamente flexível. Os EUA têm os melhores centros de pesquisa e universidades, recrutam os melhores cérebros do planeta e ainda dispõem das maiores e mais inovadoras empresas. Mas tais condições são promissoras quando se pensa no médio prazo (um termo presidencial inteiro). No curto prazo, as condições econômicas e políticas serão duras. As demandas serão grandes, e a tensão será ainda maior num período de polarização social, pois é forte a ira popular ou populista contra "ricos" e "gatos gordos de Wall Street". No caso de um governo Obama, tal tensão pode ser maior.
A crise financeira ainda não terminou -a finança ainda sofrerá o rebote da crise na economia real. O humor social vai piorar. Até as condições de financiamento externo da economia americana tendem a piorar. Para Barack Obama ou John McCain, o melhor já passou.
O QUE PODE ser pior que o final do governo de George Bush?
Colapso financeiro, desemprego crescente, renda cadente, desigualdade social rampante, mentiras políticas, violação de direitos civis, desprestígio internacional, guerras irresolutas, enorme aumento da dívida pública, escárnio público da figura presidencial e o mais baixo e mais duradouro nível de impopularidade do presidente desde que tais pesquisas começaram a ser feitas, faz mais ou menos 70 anos. A lista de reveses poderia ocupar a coluna.
Governantes e administradores que herdam a terra arrasada talvez gostem de se encorajar com a idéia de que "do chão, não se passa", embora outro clichê reze que, abaixo da terra, há o inferno. A inépcia de George Bush parece de fato quase incomparável, mas também é extraordinário o nível a que baixaram as expectativas em relação a seu governo. O próximo presidente, porém, vai assumir o governo com uma conta alta de promessas e enormes restos a pagar em termos de problemas econômicos e sociais.
O confuso e bananeiro sistema de votação americano impede especulações sobre o partido vitorioso, nem a dimensão de seu sucesso. Mas se pode especular razoavelmente que, no caso da eleição de Barack Obama, tanto as esperanças como as cobranças de seus opositores serão bem maiores do que no caso de vitória de John McCain.
Nem se trata aqui das promessas de "refundação" do pacto americano, que transpareceu tantas vezes nos discursos de Obama, os quais, na oratória, na entonação e nos temas soavam algo proféticos. Também não se trata dos planos de reforma da saúde, nem do aumento de oportunidades educacionais, nem dos projetos de reformar a produção e o consumo de energia nos EUA.
O grosso da deterioração da economia dita "real" ainda está para vir, em 2009. O desemprego começa a crescer bem depois do início de recessões, e costuma durar um pouco além. Mas, desta vez, não se trata apenas de uma contração cíclica "comum". Os americanos perdem casas, poupanças de uma vida. Parece se encerrar o ciclo de duas décadas de endividamento pessoal e nacional. Muitos americanos perderão empregos; outros terão de liquidar dívidas e recompor a duras penas o patrimônio, a poupança da aposentadoria e a da educação dos filhos.
A economia americana é extraordinária e até excessivamente flexível. Os EUA têm os melhores centros de pesquisa e universidades, recrutam os melhores cérebros do planeta e ainda dispõem das maiores e mais inovadoras empresas. Mas tais condições são promissoras quando se pensa no médio prazo (um termo presidencial inteiro). No curto prazo, as condições econômicas e políticas serão duras. As demandas serão grandes, e a tensão será ainda maior num período de polarização social, pois é forte a ira popular ou populista contra "ricos" e "gatos gordos de Wall Street". No caso de um governo Obama, tal tensão pode ser maior.
A crise financeira ainda não terminou -a finança ainda sofrerá o rebote da crise na economia real. O humor social vai piorar. Até as condições de financiamento externo da economia americana tendem a piorar. Para Barack Obama ou John McCain, o melhor já passou.
sábado, 1 de novembro de 2008
Coração brasileiro está em perigo
Previsões são pessimistas: dentro de trinta anos os problemas cardiovasculares crescerão 200%. Solução? Mudança no estilo de vida.
Estatísticas indicam que doenças cardíacas têm aumentado entre homens e mulheres. A organização mundial da saúde projeta elevação de problemas cardiovasculares em países em desenvolvimento. A previsão é de que no Brasil haja crescimento de 200% até 2040.
Mulheres correm o mesmo perigo
A prevalência de doenças cardíacas nas mulheres atingiu praticamente o mesmo patamar dos homens, o que é compreensível: cada vez mais elas estão expostas aos mesmos fatores de risco - tabagismo, sedentarismo, obesidade, estresse, elevação do colesterol e ansiedade. As gorduras, especialmente as do tipo trans, encontradas em biscoitos, fast-food e batatas fritas, continuam sendo grandes inimigas do coração. Elas contêm o colesterol ruim, que leva à disfunção vasodilatadora e provoca formação de placas ateroscleróticas coronarianas.
De acordo com o médico cardiologista Alexandre Alessi, do Hospital Nossa Senhora das Graças, o único meio de prevenir problemas cardíacos é adotar estilo de vida saudável. Isso inclui a prática de atividade física, dieta saudável, peso corporal adequado, diminuição da ansiedade, combate ao colesterol total, e ao diabetes, evitar fumo e bebidas alcoólicas, controlar pressão arterial e visitar o médico periodicamente.
Prevenção já é conhecida há tempo
Segundo o cardiologista, riscos e formas de evitar os riscos já são conhecidos desde a década de 50, mas hoje há mais dois fatores importantes a serem levados em consideração: a característica genética ou familiar de maior prevalência de problemas cardíacos e o envelhecimento da população, que está associado a maior prevalência de doenças degenerativas cardiovasculares. “Sabemos também que há medicamentos que combatem os fatores de risco cardiovascular e tratam pacientes com problemas cardiológicos com excelente tolerabilidade e eficácia”, afirma.
Problemas do coração podem ter origem congênita e, geralmente, se manifestam na infância. Também há doenças que atingem válvulas cardíacas e músculo cardíaco, que pode ficar dilatado e reduzir a força contrátil do coração. A doença aterosclerótica leva à obstrução das artérias coronárias, provocando angina de peito (dor) ou infarto do miocárdio. Outros problemas são arritmias cardíacas (referentes à estrutura elétrica do coração) e hipertensão arterial.
Pulmão também é afetado
Problemas relacionados ao pulmão também estão ligados ao coração, pois esses dois órgãos trabalham juntos, por isso são comuns sintomas respiratórios em doenças cardíacas e alterações no coração causadas por doenças pulmonares.
O coração tem a função de bombear o sangue para corpo. Isso significa que o sangue venoso (não oxigenado) chega ao coração, passa pelos pulmões e volta ao coração, para que, na forma de sangue oxigenado seja distribuído para todas as partes do corpo. Qualquer problema nessa delicada tarefa pode ser fatal e por isso é necessário prevenir e evitar fatores de risco desde a infância.
Publicado por: Vida Integra
Estatísticas indicam que doenças cardíacas têm aumentado entre homens e mulheres. A organização mundial da saúde projeta elevação de problemas cardiovasculares em países em desenvolvimento. A previsão é de que no Brasil haja crescimento de 200% até 2040.
Mulheres correm o mesmo perigo
A prevalência de doenças cardíacas nas mulheres atingiu praticamente o mesmo patamar dos homens, o que é compreensível: cada vez mais elas estão expostas aos mesmos fatores de risco - tabagismo, sedentarismo, obesidade, estresse, elevação do colesterol e ansiedade. As gorduras, especialmente as do tipo trans, encontradas em biscoitos, fast-food e batatas fritas, continuam sendo grandes inimigas do coração. Elas contêm o colesterol ruim, que leva à disfunção vasodilatadora e provoca formação de placas ateroscleróticas coronarianas.
De acordo com o médico cardiologista Alexandre Alessi, do Hospital Nossa Senhora das Graças, o único meio de prevenir problemas cardíacos é adotar estilo de vida saudável. Isso inclui a prática de atividade física, dieta saudável, peso corporal adequado, diminuição da ansiedade, combate ao colesterol total, e ao diabetes, evitar fumo e bebidas alcoólicas, controlar pressão arterial e visitar o médico periodicamente.
Prevenção já é conhecida há tempo
Segundo o cardiologista, riscos e formas de evitar os riscos já são conhecidos desde a década de 50, mas hoje há mais dois fatores importantes a serem levados em consideração: a característica genética ou familiar de maior prevalência de problemas cardíacos e o envelhecimento da população, que está associado a maior prevalência de doenças degenerativas cardiovasculares. “Sabemos também que há medicamentos que combatem os fatores de risco cardiovascular e tratam pacientes com problemas cardiológicos com excelente tolerabilidade e eficácia”, afirma.
Problemas do coração podem ter origem congênita e, geralmente, se manifestam na infância. Também há doenças que atingem válvulas cardíacas e músculo cardíaco, que pode ficar dilatado e reduzir a força contrátil do coração. A doença aterosclerótica leva à obstrução das artérias coronárias, provocando angina de peito (dor) ou infarto do miocárdio. Outros problemas são arritmias cardíacas (referentes à estrutura elétrica do coração) e hipertensão arterial.
Pulmão também é afetado
Problemas relacionados ao pulmão também estão ligados ao coração, pois esses dois órgãos trabalham juntos, por isso são comuns sintomas respiratórios em doenças cardíacas e alterações no coração causadas por doenças pulmonares.
O coração tem a função de bombear o sangue para corpo. Isso significa que o sangue venoso (não oxigenado) chega ao coração, passa pelos pulmões e volta ao coração, para que, na forma de sangue oxigenado seja distribuído para todas as partes do corpo. Qualquer problema nessa delicada tarefa pode ser fatal e por isso é necessário prevenir e evitar fatores de risco desde a infância.
Publicado por: Vida Integra
Um horizonte mais claro LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS
Nos próximos meses teremos uma idéia mais clara dos efeitos da redução do crédito sobre a atividade econômica
O MOMENTO mais grave da crise financeira que tomou conta do mundo pode ter sido alcançado na primeira quinzena deste mês. Os mercados chegaram à beira de um colapso em todos os seus segmentos, na medida em que ocorria uma verdadeira corrida pela compra da moeda norte-americana. Naqueles dias turbulentos e irracionais, a crise passou a adicionar um componente novo via mercados de câmbio e da dívida soberana nas economias emergentes como o Brasil.
O mercado, que vivia as tensões decorrentes da queda das Bolsas mundiais e da paralisia dos mercados de crédito no Primeiro Mundo, sofreu um novo abalo com a queda das cotações das moedas em relação ao dólar. A crise de liquidez nos mercados financeiros ganhou novas cores devido à grande movimentação de recursos em direção ao mercado de títulos públicos americano. Nós, no Brasil, sentimos esse movimento de forma clara, e o medo da inflação voltou a rondar nosso inconsciente.
Alguns países chegaram, inclusive, a aumentar os juros internos na vã tentativa de estabilizar a taxa de câmbio. Felizmente, a maioria dos bancos centrais no mundo emergente manteve a calma, trancou os dentes e deixou a questão da inflação para ser enfrentada depois. Até porque, a contração interna de crédito por conta da grande insegurança nos mercados seria suficiente para reduzir a demanda interna e evitar a espiral de preços. Rapidamente os líderes da grande cruzada internacional contra a depressão econômica identificaram esse novo front e tomaram medidas agressivas para enfrentar o novo desafio. O FMI (Fundo Monetário Internacional) criou linhas de financiamento emergencial para as nações mais ameaçadas, e o Fed (o banco central dos Estados Unidos) estendeu para alguns países suas operações de "swap" de dólar. São medidas corretas e eficientes para enfrentar esse novo foco de turbulência em um mundo já abalado por uma crise financeira de proporções gigantescas.
O Brasil recebeu o apoio de US$ 30 bilhões em um momento em que o Banco Central conduzia de forma agressiva suas operações para acalmar um mercado à beira de um ataque de nervos. Quando escrevo esta coluna, são claros os sinais de que a taxa de câmbio do real contra o dólar pode estar se estabilizando na faixa de R$ 2 e alguns centavos. Esse nível me parece adequado para enfrentar a queda das cotações de nossos principais produtos de exportação sem causar danos definitivos ao controle da inflação. Certamente, a inflação vai ficar acima do centro da meta em 2009, sem, entretanto, superar o intervalo de segurança. O Copom (Comitê de Política Monetária) foi perfeito ao decidir manter em 13,75% ao ano a taxa Selic em sua reunião desta semana e, principalmente, ao evitar declarações agressivas no sentido de poder voltar a subir os juros em futuro próximo. O mercado tem um grande respeito por nossa autoridade monetária e o Banco Central não precisa desse tipo de reforço, que apenas revela insegurança. Nos próximos meses teremos uma idéia mais clara dos efeitos da redução do crédito bancário sobre a atividade econômica. Até lá, vai haver um choque entre índices de inflação mais elevados e números bem mais modestos sobre consumo e investimento.
Será preciso sangue-frio e convicções sólidas para enfrentar esse período. Certamente não faltarão falcões a pedir o aumento dos juros e a pregar dias terríveis no campo da inflação. Mas a cautela do Copom me parece a melhor posição para enfrentar os próximos meses.
O MOMENTO mais grave da crise financeira que tomou conta do mundo pode ter sido alcançado na primeira quinzena deste mês. Os mercados chegaram à beira de um colapso em todos os seus segmentos, na medida em que ocorria uma verdadeira corrida pela compra da moeda norte-americana. Naqueles dias turbulentos e irracionais, a crise passou a adicionar um componente novo via mercados de câmbio e da dívida soberana nas economias emergentes como o Brasil.
O mercado, que vivia as tensões decorrentes da queda das Bolsas mundiais e da paralisia dos mercados de crédito no Primeiro Mundo, sofreu um novo abalo com a queda das cotações das moedas em relação ao dólar. A crise de liquidez nos mercados financeiros ganhou novas cores devido à grande movimentação de recursos em direção ao mercado de títulos públicos americano. Nós, no Brasil, sentimos esse movimento de forma clara, e o medo da inflação voltou a rondar nosso inconsciente.
Alguns países chegaram, inclusive, a aumentar os juros internos na vã tentativa de estabilizar a taxa de câmbio. Felizmente, a maioria dos bancos centrais no mundo emergente manteve a calma, trancou os dentes e deixou a questão da inflação para ser enfrentada depois. Até porque, a contração interna de crédito por conta da grande insegurança nos mercados seria suficiente para reduzir a demanda interna e evitar a espiral de preços. Rapidamente os líderes da grande cruzada internacional contra a depressão econômica identificaram esse novo front e tomaram medidas agressivas para enfrentar o novo desafio. O FMI (Fundo Monetário Internacional) criou linhas de financiamento emergencial para as nações mais ameaçadas, e o Fed (o banco central dos Estados Unidos) estendeu para alguns países suas operações de "swap" de dólar. São medidas corretas e eficientes para enfrentar esse novo foco de turbulência em um mundo já abalado por uma crise financeira de proporções gigantescas.
O Brasil recebeu o apoio de US$ 30 bilhões em um momento em que o Banco Central conduzia de forma agressiva suas operações para acalmar um mercado à beira de um ataque de nervos. Quando escrevo esta coluna, são claros os sinais de que a taxa de câmbio do real contra o dólar pode estar se estabilizando na faixa de R$ 2 e alguns centavos. Esse nível me parece adequado para enfrentar a queda das cotações de nossos principais produtos de exportação sem causar danos definitivos ao controle da inflação. Certamente, a inflação vai ficar acima do centro da meta em 2009, sem, entretanto, superar o intervalo de segurança. O Copom (Comitê de Política Monetária) foi perfeito ao decidir manter em 13,75% ao ano a taxa Selic em sua reunião desta semana e, principalmente, ao evitar declarações agressivas no sentido de poder voltar a subir os juros em futuro próximo. O mercado tem um grande respeito por nossa autoridade monetária e o Banco Central não precisa desse tipo de reforço, que apenas revela insegurança. Nos próximos meses teremos uma idéia mais clara dos efeitos da redução do crédito bancário sobre a atividade econômica. Até lá, vai haver um choque entre índices de inflação mais elevados e números bem mais modestos sobre consumo e investimento.
Será preciso sangue-frio e convicções sólidas para enfrentar esse período. Certamente não faltarão falcões a pedir o aumento dos juros e a pregar dias terríveis no campo da inflação. Mas a cautela do Copom me parece a melhor posição para enfrentar os próximos meses.
Contágio e conseqüência ALEXANDRE SCHWARTSMAN
Insistir em manter a demanda interna acelerada só trará mais depreciação cambial e mais inflação
HÁ PELO menos três canais por onde o impacto da crise nos afeta diretamente: comércio global, preços de commodities e, finalmente, fluxos de capitais.
A combinação deles deverá implicar não apenas a redução da taxa de crescimento, mas também uma alteração importante na sua composição, à medida que a demanda interna, fator preponderante da aceleração do crescimento nos últimos quatro anos, deverá encontrar limites bem mais claros à sua expansão.
De 2002 até meados deste ano a conjuntura internacional se mostrou extremamente favorável ao país. Sem desmerecer a adoção de políticas domésticas que, não tenho dúvida, ainda ajudarão o país a se diferenciar de vários de seus pares no futuro próximo, parcela relevante dos desenvolvimentos positivos no país se originou de fatores externos.
O país foi beneficiado, em primeiro lugar, pelo aumento de preços de commodities. Como exporta muito mais commodities do que importa, a alta resultou em preços de produtos exportados crescendo acima dos preços de importados, isto é, houve melhora dos termos de troca. Conjugada à expansão dos volumes exportados, em parte derivada da expansão do comércio global, essa melhora implicou forte elevação da capacidade de importar: entre 2002 e o terceiro trimestre de 2008, estima-se que o poder de compra das exportações tenha crescido 80%.
Esse processo permitiu que a demanda doméstica passasse a crescer acima da produção, o que não observávamos desde 1997/98, quando preços de commodities em queda haviam piorado nossos termos de troca. Obviamente, se a demanda doméstica cresce mais rápido que a produção, a diferença deve ser coberta com importações físicas crescendo acima das exportações físicas, o que foi possível principalmente pelo aumento do poder de compra das exportações. Completando esse quadro, a expansão da liquidez mundial barateou o financiamento, trazendo vastos volumes de capital estrangeiro, aparentes na expansão do investimento estrangeiro no país, em particular o investimento direto, que se acelerou de US$ 15 bilhões por ano entre 2002/5 para US$ 35 bilhões por ano em 2007/8.
Não há dúvida, porém, que esses três fatores mudaram de direção, isto é, podemos esperar queda de preços de commodities, desaceleração do comércio global e menores fluxos de capital. A resultante não poderia ser mais clara: a capacidade importadora se reduz e, portanto, também a diferença entre o crescimento da demanda doméstica e do produto deverá cair, revertendo o processo observado nos últimos anos.
Quem anuncia essa mudança, como seria de esperar, é o sistema de preços. Da mesma forma que a melhora externa se traduziu numa taxa real de câmbio mais forte, incentivando a demanda doméstica às expensas da demanda externa, a piora das condições internacionais requer o inverso, isto é, câmbio real mais depreciado, mesmo com a diferença entre os juros locais e os externos na verdade até mais alta do que no passado. Aliás, isso só demonstra o que venho há muito insistindo neste espaço, isto é, que a trajetória da taxa real de câmbio depende mais de variáveis externas do que a mera diferença de taxa de juros.
Em resumo, o choque externo reverteu as condições que permitiam o crescimento rápido da demanda doméstica com efeitos inflacionários mitigados (não eliminados) pela disponibilidade de importações. Insistir em manter a demanda doméstica acelerada só há de trazer mais depreciação cambial e inflação. Vamos tentar não repetir esse erro?
HÁ PELO menos três canais por onde o impacto da crise nos afeta diretamente: comércio global, preços de commodities e, finalmente, fluxos de capitais.
A combinação deles deverá implicar não apenas a redução da taxa de crescimento, mas também uma alteração importante na sua composição, à medida que a demanda interna, fator preponderante da aceleração do crescimento nos últimos quatro anos, deverá encontrar limites bem mais claros à sua expansão.
De 2002 até meados deste ano a conjuntura internacional se mostrou extremamente favorável ao país. Sem desmerecer a adoção de políticas domésticas que, não tenho dúvida, ainda ajudarão o país a se diferenciar de vários de seus pares no futuro próximo, parcela relevante dos desenvolvimentos positivos no país se originou de fatores externos.
O país foi beneficiado, em primeiro lugar, pelo aumento de preços de commodities. Como exporta muito mais commodities do que importa, a alta resultou em preços de produtos exportados crescendo acima dos preços de importados, isto é, houve melhora dos termos de troca. Conjugada à expansão dos volumes exportados, em parte derivada da expansão do comércio global, essa melhora implicou forte elevação da capacidade de importar: entre 2002 e o terceiro trimestre de 2008, estima-se que o poder de compra das exportações tenha crescido 80%.
Esse processo permitiu que a demanda doméstica passasse a crescer acima da produção, o que não observávamos desde 1997/98, quando preços de commodities em queda haviam piorado nossos termos de troca. Obviamente, se a demanda doméstica cresce mais rápido que a produção, a diferença deve ser coberta com importações físicas crescendo acima das exportações físicas, o que foi possível principalmente pelo aumento do poder de compra das exportações. Completando esse quadro, a expansão da liquidez mundial barateou o financiamento, trazendo vastos volumes de capital estrangeiro, aparentes na expansão do investimento estrangeiro no país, em particular o investimento direto, que se acelerou de US$ 15 bilhões por ano entre 2002/5 para US$ 35 bilhões por ano em 2007/8.
Não há dúvida, porém, que esses três fatores mudaram de direção, isto é, podemos esperar queda de preços de commodities, desaceleração do comércio global e menores fluxos de capital. A resultante não poderia ser mais clara: a capacidade importadora se reduz e, portanto, também a diferença entre o crescimento da demanda doméstica e do produto deverá cair, revertendo o processo observado nos últimos anos.
Quem anuncia essa mudança, como seria de esperar, é o sistema de preços. Da mesma forma que a melhora externa se traduziu numa taxa real de câmbio mais forte, incentivando a demanda doméstica às expensas da demanda externa, a piora das condições internacionais requer o inverso, isto é, câmbio real mais depreciado, mesmo com a diferença entre os juros locais e os externos na verdade até mais alta do que no passado. Aliás, isso só demonstra o que venho há muito insistindo neste espaço, isto é, que a trajetória da taxa real de câmbio depende mais de variáveis externas do que a mera diferença de taxa de juros.
Em resumo, o choque externo reverteu as condições que permitiam o crescimento rápido da demanda doméstica com efeitos inflacionários mitigados (não eliminados) pela disponibilidade de importações. Insistir em manter a demanda doméstica acelerada só há de trazer mais depreciação cambial e inflação. Vamos tentar não repetir esse erro?
Zerar o déficit e travar os juros PAULO GUEDES
O argumento da suposta infalibilidade dos mercados em bases científicas e a pretensão de transformar economia e finanças em ciências exatas produzem perigosa mistificação: confundir brilhantes construções mentais para entender a realidade com a própria realidade. O problema dessa percepção ingênua dos fenômenos de mercado, como a crença nos mercados perfeitos, é que ela fornece exatamente o que seus mais ignorantes críticos utilizam como munição nos momentos de crise e descontinuidade.
Os mercados são instituições sociais evolucionárias.
São poderosos instrumentos de coordenação econômica em busca permanente de eficiência. Mas são também o espelho de nossos humores e nossos equívocos, refletindo nossa falibilidade nas avaliações.
São contaminados por excesso de otimismo e de pessimismo. São humanos, demasiado humanos, jamais serão “perfeitos”. Mas, se a idéia de “mercados eficientes” é apenas uma hipótese operacional do mundo acadêmico, o que dizer de sua desinformada antítese, a idéia da “perversidade intrínseca aos mercados”, evocação nostálgica de ideologias obsoletas? Os mercados, assim como a linguagem, são meros instrumentos de comunicação e coordenação social, muito aquém do bem e do mal.
Ao longo das últimas duas décadas, as economias de mercado ocidentais tiveram de absorver ondas sucessivas de inovações tecnológicas, integrar 3,5 bilhões de eurasianos a seus mercados de trabalho, acomodando seu excesso de poupança e sua demanda por recursos naturais. Tudo isso em meio ao formidável “big bang” da liquidez global promovido em grande parte pelo Federal Reserve, o banco central americano. O ritmo extraordinário da criação de riqueza durante o período de globalização acelerada é irrefutável. Mas não há instituições humanas perfeitas, muito menos mercados financeiros.
O crédito é pró-cíclico, como uma sanfona que se expande e se contrai no mesmo ritmo da economia.
Essa elasticidade do sistema financeiro aumenta a oferta de fundos em resposta às novas oportunidades de investimento durante as fases de crescimento mais rápido, mas depois encurta o crédito abruptamente, quando há uma reversão de expectativas. A atual liquidação forçada de ativos e as enormes perdas de capital decorrentes são digitais inequívocas do excesso de alavancagem do sistema financeiro.
No Brasil, temos, como sempre, um banco central hiperativo, isolado no enfrentamento da crise.
A melhor resposta do governo seria um apoio decisivo da política fiscal. Zerar o déficit nominal daria contornos estratégicos à necessária ampliação da liquidez e à interrupção imediata da alta dos juros.
A maior dose de esforço fiscal daria consistência a uma nova política de juros mais baixos e câmbio mais alto, armas a que recorrem os bancos centrais em todo o mundo na guerra mundial por empregos deflagrada pela grande contração.
Os mercados são instituições sociais evolucionárias.
São poderosos instrumentos de coordenação econômica em busca permanente de eficiência. Mas são também o espelho de nossos humores e nossos equívocos, refletindo nossa falibilidade nas avaliações.
São contaminados por excesso de otimismo e de pessimismo. São humanos, demasiado humanos, jamais serão “perfeitos”. Mas, se a idéia de “mercados eficientes” é apenas uma hipótese operacional do mundo acadêmico, o que dizer de sua desinformada antítese, a idéia da “perversidade intrínseca aos mercados”, evocação nostálgica de ideologias obsoletas? Os mercados, assim como a linguagem, são meros instrumentos de comunicação e coordenação social, muito aquém do bem e do mal.
Ao longo das últimas duas décadas, as economias de mercado ocidentais tiveram de absorver ondas sucessivas de inovações tecnológicas, integrar 3,5 bilhões de eurasianos a seus mercados de trabalho, acomodando seu excesso de poupança e sua demanda por recursos naturais. Tudo isso em meio ao formidável “big bang” da liquidez global promovido em grande parte pelo Federal Reserve, o banco central americano. O ritmo extraordinário da criação de riqueza durante o período de globalização acelerada é irrefutável. Mas não há instituições humanas perfeitas, muito menos mercados financeiros.
O crédito é pró-cíclico, como uma sanfona que se expande e se contrai no mesmo ritmo da economia.
Essa elasticidade do sistema financeiro aumenta a oferta de fundos em resposta às novas oportunidades de investimento durante as fases de crescimento mais rápido, mas depois encurta o crédito abruptamente, quando há uma reversão de expectativas. A atual liquidação forçada de ativos e as enormes perdas de capital decorrentes são digitais inequívocas do excesso de alavancagem do sistema financeiro.
No Brasil, temos, como sempre, um banco central hiperativo, isolado no enfrentamento da crise.
A melhor resposta do governo seria um apoio decisivo da política fiscal. Zerar o déficit nominal daria contornos estratégicos à necessária ampliação da liquidez e à interrupção imediata da alta dos juros.
A maior dose de esforço fiscal daria consistência a uma nova política de juros mais baixos e câmbio mais alto, armas a que recorrem os bancos centrais em todo o mundo na guerra mundial por empregos deflagrada pela grande contração.
Da marola ao tsunami LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS
Os ventos externos -agora gelados e fortes- chocaram-se com o ar quente do otimismo de todos. Podem estar certos os leitores da Folha que o impacto sobre as empresas e os consumidores vai ser muito duro e duradouro.
Felizmente para todos nós, a cortina de fumaça não paralisou o Banco Central. Enquanto o ministro da Fazenda seguia o tortuoso e perigoso caminho de negar os problemas reais, o Banco Central agiu.
Tomou medidas agressivas para lidar com a questão da liquidez dos bancos de médio porte, reduzindo o compulsório e criando incentivos para a venda de carteiras de crédito dos bancos em dificuldades. Disponibilizou dólares de sua reserva para destravar as operações de financiamento ao comércio exterior. Injetou liquidez nos mercados de câmbio, agindo nos mercados "spot" e de derivativos.
Por fim, criou mecanismos legais no caso de ser necessária uma infusão de capital nas instituições com problemas de solvência. Apesar da grita contra uma possível estatização de prejuízos, não existe no momento uma alternativa para evitar a quebra de bancos e o aprofundamento da crise. Enfrentamos hoje os mesmos resmungos ouvidos nos Estados Unidos e na Europa há poucos meses. Sugiro a leitura da revista inglesa "The Economist" desta semana para que se possa digerir com menos dificuldades a medida provisória nº 443, assinada na terça-feira.
Aqui, como no exterior, vamos ter de usar o Estado para evitar o mal maior de uma recessão profunda. O que a sociedade deve exigir é que esse movimento, se necessário, seja feito com transparência e fiscalização externa. Como nos Estados Unidos, o Congresso Nacional deve criar uma comissão para acompanhar a utilização desse mecanismo extraordinário.
Felizmente para todos nós, a cortina de fumaça não paralisou o Banco Central. Enquanto o ministro da Fazenda seguia o tortuoso e perigoso caminho de negar os problemas reais, o Banco Central agiu.
Tomou medidas agressivas para lidar com a questão da liquidez dos bancos de médio porte, reduzindo o compulsório e criando incentivos para a venda de carteiras de crédito dos bancos em dificuldades. Disponibilizou dólares de sua reserva para destravar as operações de financiamento ao comércio exterior. Injetou liquidez nos mercados de câmbio, agindo nos mercados "spot" e de derivativos.
Por fim, criou mecanismos legais no caso de ser necessária uma infusão de capital nas instituições com problemas de solvência. Apesar da grita contra uma possível estatização de prejuízos, não existe no momento uma alternativa para evitar a quebra de bancos e o aprofundamento da crise. Enfrentamos hoje os mesmos resmungos ouvidos nos Estados Unidos e na Europa há poucos meses. Sugiro a leitura da revista inglesa "The Economist" desta semana para que se possa digerir com menos dificuldades a medida provisória nº 443, assinada na terça-feira.
Aqui, como no exterior, vamos ter de usar o Estado para evitar o mal maior de uma recessão profunda. O que a sociedade deve exigir é que esse movimento, se necessário, seja feito com transparência e fiscalização externa. Como nos Estados Unidos, o Congresso Nacional deve criar uma comissão para acompanhar a utilização desse mecanismo extraordinário.
Regras fundamentais
Hoje é comum surgirem comparações com a Grande Depressão dos Anos 30, que durou praticamente uma década. Nada mais falso. A rapidez na transmissão de informações, o desenvolvimento das “tecnologias” de política econômica e a espantosa agilidade de ajustamento dos mercados globalizados comprimem fortemente o prazo de qualquer crise.
Anos viraram meses, meses viraram dias e ficará para trás quem não se der conta da nova realidade.
Nas Bolsas de Valores de todo o mundo vemos o exemplo mais marcante desse novo “tempo”. E, para as ações brasileiras, a história não é diferente.
Faz poucos meses e nossos analistas se entusiasmavam com o “grau de investimento” concedido ao Brasil pelas agências de risco. Hoje, nossas principais empresas já valem em dólar apenas cerca de 35% do que chegaram a valer. E já tivemos dias piores! Na lida do mercado acionário aprendemos três regras fundamentais. Uma, freqüentemente lembrada por investidores do calibre de Warren Buffet, é que “se vende ao som dos violinos e se compra no trovejar dos canhões”, ou seja, nada de acreditar que estados de euforia ou depressão são permanentes.
Nesses momentos, sempre agir na contramão dos ansiosos e apressados. Outra é que, “no mercado, se come como pinto e se defeca como pato”, tradução do fato de que a perda da confiança se dá em velocidade bem maior do que a sua conquista. A terceira regra, finalmente, ensina que “se compra no boato e se vende no fato”, refletindo a constatação de que a Bolsa lida com expectativas, antecipando-se de muito aos acontecimentos futuros.
É certo que da teoria para o timing perfeito vai uma grande distância.
Mas fica a lembrança dessas regras e de que vivemos em um novo “tempo” para que nossos investidores pensem com frieza e não se deixem tomar por momentos de depressão e pânico, efêmeros por natureza e, seguramente, maus conselheiros.
RUBEM DE FREITAS NOVAES é economista.
Anos viraram meses, meses viraram dias e ficará para trás quem não se der conta da nova realidade.
Nas Bolsas de Valores de todo o mundo vemos o exemplo mais marcante desse novo “tempo”. E, para as ações brasileiras, a história não é diferente.
Faz poucos meses e nossos analistas se entusiasmavam com o “grau de investimento” concedido ao Brasil pelas agências de risco. Hoje, nossas principais empresas já valem em dólar apenas cerca de 35% do que chegaram a valer. E já tivemos dias piores! Na lida do mercado acionário aprendemos três regras fundamentais. Uma, freqüentemente lembrada por investidores do calibre de Warren Buffet, é que “se vende ao som dos violinos e se compra no trovejar dos canhões”, ou seja, nada de acreditar que estados de euforia ou depressão são permanentes.
Nesses momentos, sempre agir na contramão dos ansiosos e apressados. Outra é que, “no mercado, se come como pinto e se defeca como pato”, tradução do fato de que a perda da confiança se dá em velocidade bem maior do que a sua conquista. A terceira regra, finalmente, ensina que “se compra no boato e se vende no fato”, refletindo a constatação de que a Bolsa lida com expectativas, antecipando-se de muito aos acontecimentos futuros.
É certo que da teoria para o timing perfeito vai uma grande distância.
Mas fica a lembrança dessas regras e de que vivemos em um novo “tempo” para que nossos investidores pensem com frieza e não se deixem tomar por momentos de depressão e pânico, efêmeros por natureza e, seguramente, maus conselheiros.
RUBEM DE FREITAS NOVAES é economista.
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