Fonte:GAZETA MERCANTIL
SÃO PAULO, 2 de outubro de 2008 - A disparada do dólar no mercado nacional, para o mais alto nível desde agosto de 2007, não passa de movimentos especulativos puxado pelo mercado de derivativos, avalia o diretor-executivo da corretora NGO, Sidnei Moura Nehme. Dados do Banco Central (BC) mostram que não faltam dólares no mercado físico por onde transitam as operações reais da economia brasileira, pelo contrário, está sobrando. Ainda assim, o dólar voltou a ultrapassar a barreira dos R$ 2. Em setembro, houve entrada líquida de US$ 2,749 bilhões. Mesmo assim, neste período, a moeda norte-americana acumulou valorização de 16,75% sobre o real, engrossando o caixa dos bancos nacionais e dos hedge funds. "O dólar está subindo por fatores fora do mercado à vista, sob reflexo da montagem de posições compradas na BM&F", destaca Nehme. As turbulências que assolam os mercados financeiros mundiais, reforçadas no último dia 16 com o colapso do banco de investimento Lehman Brothers, ampliou a procura por ativos de menor risco. Na BM&F, os investidores desmontaram posições, inflando artificialmente o preço do dólar e em apenas um reverteram posições mais de US$ 3 bilhões "vendidos" para mais de US$ 6 bilhões "comprados". Segundo Nehme, há uma absoluta contaminação dos índices, onde ocorre uma acirrada disputa entre especuladores, sobre a formação do preço no mercado à vista. "Neste jogo os vendidos estão encurralados pelos atuais detentores de posições compradas, que retêm a liquidez e provocam a alta artificial da taxa do dólar, e assim descolam o câmbio da mínima razoabilidade com qualquer fundamento, submetendo a severo prejuízo a contraparte e realizando soberbos ganhos", finaliza, lembrando que esta disputa já desvalorizou o dólar em 20% no curtíssimo prazo. Para a NGO, a taxa de câmbio deveria estar entre R$ 1,75 e R$ 1,80. O economista-sênior da consultoria Austin Rating, Nelson Carneiro, concorda com as avaliações de Nehme, mas acrescenta que esta expressiva valorização do dólar também está atrelada à demanda super aquecida, perfeitamente comum em períodos de turbulência. "O dólar tem a função de reserva de valor, assim como as commodities metálicas e desde o acirramento da crise têm sido bastante procurado, seja para cobrir prejuízos lá fora, seja como porto seguro", lembra o especialista. Segundo Carneiro, apesar do fluxo cambial se mostrar positivo, hoje corresponde o equivalente a 1/3 do ano passado. "O fluxo caindo e este cenário de falta de linhas de crédito para os exportadores tende a elevar ainda mais a procura por dólares e pressionar um pouco mais o câmbio no futuro", comenta, lembrando que a desaceleração da economia brasileira pode chegar ao consumo e no médio prazo, provocar a quebra de empresas por falta de crédito. Carneiro trabalha com um câmbio de R$ 2,05 ao fim de dezembro. (Simone e Silva Bernardino - InvestNews)
quinta-feira, 2 de outubro de 2008
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