sexta-feira, 3 de outubro de 2008

EXCESSO DE PESO E TRABALHO

Sobrepeso pode prejudicar na hora da contratação

Os candidatos a um emprego já sabem que o mercado de trabalho está ficando cada vez mais exigente.

Concluir um curso de graduação, apostar em uma pós-graduação, ter fluência em mais de um idioma e ter noções de informática são apenas alguns dos pré-requisitos exigidos para se preencher um posto de trabalho.

A todas essas exigências, acrescente-se mais uma: também é preciso ser magro. Realmente é dura a vida de quem se mantém acima do peso, até mesmo, para se obter ou se manter no emprego.

A pesquisa "Estilos de vida e hábitos de lazer do trabalhador da indústria", realizada pelo Serviço Social da Indústria (Sesi) e coordenada por Markus Nahas, do Núcleo de Pesquisa em Atividade Física e Saúde da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), revela dados preocupantes a respeito das condições de saúde dos trabalhadores da indústria.

Segundo o levantamento, realizado em São Paulo, 33,7% dos trabalhadores da indústria estão com sobrepeso e 7,9% já atingiram níveis de obesidade.

Ou seja: mais de 40% dos funcionários do setor estão com excesso de peso. A pesquisa também apontou que a incidência é maior entre os homens: 38,4% estão com sobrepeso e 8,7% são obesos. Entre as mulheres, os índices de sobrepeso e obesidade são de 23,6% e 6,3%, respectivamente.

Comportamento preventivo

Os homens também são mais propensos a ter problemas com excesso de peso. O estudo aponta que os indivíduos do sexo masculino, de meia idade e com renda mensal superior a R$ 1.500,00 formam o grupo mais exposto à ocorrência de sobrepeso e obesidade.

Para Markus Nahas, o estilo de vida é um dos principais fatores que afeta a saúde e a qualidade de vida das pessoas. De acordo com o professor, a qualidade de vida do trabalhador é uma associação.

Envolve tanto os hábitos de vida, o que inclui alimentação, prática de atividades físicas, controle do estresse, os relacionamentos do dia-a-dia e a adoção de um comportamento preventivo em relação às doenças.

Também, influenciam, as condições do ambiente em que se vive e do trabalho, perpassando aspectos como a realização profissional, remuneração, benefícios e a relevância social do trabalho.

"A inatividade física, a alimentação inadequada e o tabagismo estão entre os fatores responsáveis por dois terços das mortes provocadas por doenças que podem ser prevenidas", explica Nahas.

Para mudar esse comportamento pouco preocupável com a própria saúde, segundo o especialista, é necessário informar, motivar a busca de mais qualidade de vida e criar oportunidades para que isso seja possível.

Para Alberto Ogata, presidente da Associação Brasileira da Qualidade de Vida (ABQV), melhorar as condições de saúde e ter mais bem-estar no dia-a-dia devem ser responsabilidades de cada pessoa, e não apenas opção. "Zelar por uma boa qualidade de vida é responsabilidade de cada um", admite.

Não se pode e nem se deve delegá-la a outros, pois é pautada pelas ações e atitudes cotidianas. Conforme o presidente, o modo de ser é que faz a diferença em todos os aspectos que envolvem a qualidade de vida, pessoal, familiar, profissional, espiritual, física, entre outros, garantindo assim sucesso e felicidade.

Educação e informação

Problemas com o estilo de vida, saúde e bem estar das pessoas tornaram-se uma realidade presente em diversos países. "No México, por exemplo, 60% da população está com excesso de peso e, destes, 30% sofrem de obesidade mórbida", comenta Ogata.

Esse excesso de peso torna o paciente mais vulnerável a contrair doenças como diabetes, doenças cardiovasculares e osteoporose, podendo ainda diminuir em até 30 anos a expectativa de vida do indivíduo que sofre com o problema que, no México, atinge inclusive bebês.

Os médicos acreditam que a solução para as enfermidades e outros problemas relacionados ao estilo de vida passa, antes de tudo, pela educação. A nutricionista Flávia Ferreira Sguario, do Paraná Clínicas, explica que uma das formas é ensinar a pessoa por meio de uma reeducação alimentar.

Assim, elas ficam sabendo quais são os grupos alimentares, quais as suas funções, o que equivale a cada alimento, quanto eu posso trocar por quanto. Os nutricionistas calculam quanto o paciente pode comer em cada refeição, quais os horários dessas refeições, o que ele pode trocar quanto faltar um dos itens propostos. "Ou seja, a pessoa continuará tendo o poder de escolha, pois se a dieta for muito radical pode causar ainda mais insatisfação no paciente", ressalta.

Além de estimular as pessoas a terem uma alimentação adequada e hábitos saudáveis, é preciso educar para a importância de viver saudavelmente desde os primeiros anos, logo na infância. "Fazendo com que a qualidade de vida seja algo presente em toda a vida, não se tornando apenas um conceito", conclui Alberto Ogata.

Causas

Conheça, abaixo, alguns motivos que podem levar a um quadro de obesidade:

* Predisposição genética
* Alterações emocionais
* Estilo de vida
* Sedentarismo
* Aspectos culturais
* Hábitos alimentares
* Quadros depressivos

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